sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

São Justino (+150) e a Liturgia Dominical


No dia que se chama do Sol, reúnem-se no mesmo lugar, todos os que moram nas cidades e nos campos. Leem-se as memórias dos Apóstolos ou os escritos dos Profetas, enquanto o tempo o permite. Quando o leitor termina, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos. Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Como já dissemos acima, quando acabamos de rezá-las, apresentam-se o pão, o vinho e a água. Então, o que preside, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: “Amém!”. Em seguida, se faz entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos, que foram eucaristizados, que também são enviados aos ausentes, por meio dos diáconos. Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Ele socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou por qualquer outro motivo, se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros, e os hóspedes, que estão em viagem. Numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados. Nós nos reunimos todos no Dia do Sol, não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque, nesse mesmo dia, Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do Dia de Saturno e no dia seguinte a este, aparecendo a Seus discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração[1].



[1] Apologia, 67. In Justino de Roma. I e II Apologias. Diálogo com Trifâo, ed. M. Quinta. São Paulo: Paulus, 1995, 83-84. Justino nasceu na Palestina, de família pagã, no início do II século. Professor de filosofia em Alexandria. Convertido ao cristianismo, tornou-se um dos principais escritores cristãos, enumerado entre os chamados “Padres da Igreja”. Entre suas obras, conservamos duas “Apologias” em favor dos cristãos, endereçadas ao Imperador Filósofo, Marco Aurélio, sob cujas ordens viria a ser martirizado († 150). Na sua primeira Apologia explica ao Imperador o que é e como se celebra a Eucaristia. 

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