O
“Santo” é um dos pontos altos da prece eucarística. Concluindo o prefácio, o
presidente da celebração convida toda a assembleia para, num só coração e numa
só voz, unir-se ao eterno louvor entoando pelo coro dos anjos e dos santos. Em grau de importância dos cantos da Missa, se tivéssemos que tirá-los, apenas dois deveriam ser mantidos: o canto de aclamação do Evangelho, o aleluia, que falamos em outra formação que sempre deve ser cantado, nunca lido, nunca dito; e a aclamação do Santo. Muitos padres omitem o canto do "Santo" e manda recitá-lo por questões pastorais de tempo. Cabe ao ministério de música combinar com o celebrante se irá ou não cantar, ressaltando sua importância.
Quanto à forma, o “Santo” é, na realidade, uma continuação do prefácio (aquela oração um pouco mais longa logo no início da oração Eucarística, que geralmente começa com "Na verdade é justo e necessário..."). É um conjunto de
aclamações oriundas da Sagrada Escritura e possui duas partes bem distintas:
- A primeira parte: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do universo, o céu e a terra proclamam vossa glória...”, reproduz o louvor celeste dos Serafins, conforme o relato de Isaías 6,3 e, desde o século II é usado na liturgia sinagogal judaica no ofício da manhã. Na liturgia cristã, é provável que ele tenha sido cantado inicialmente na oração da manhã e só mais tarde – por volta do século IV (no Oriente) e do século V (no Ocidente) -, é que foi incorporado na liturgia eucarística.
- A segunda parte: “Bendito o que vem em nome do Senhor...” expressa o grito de triunfo do povo de Deus que acolhe e aclama o Messias, o Salvador. As primeiras notícias do seu uso na liturgia vêm do Oriente e remonta ao século VIII.
A
Instrução Musicam Sacram (1967)
buscando reforçar o sentido teológico-litúrgico do convite do presidente feito
à assembleia no final do prefácio, recomenda que o “Santo” “seja habitualmente
cantado por todo o povo, juntamente com o sacerdote”. Esta orientação
certamente veio corrigir os desvios históricos que levaram o “Santo” a ser
monopólio de um pequeno grupo de cantores. É, portanto, uma aclamação que deve ser cantada por todos.
É a
primeira aclamação da assembleia na prece eucarística, e como hino-aclamação,
deve ser profundamente festivo e jubiloso, evocando a aclamação entusiasta do
povo no dia de Ramos, a parusía gloriosa (segunda vinda de Jesus) no fim dos tempos, ambiente de festa
em que céu e terra se unem, reunindo num louvor cósmico e universal, os santos do
céu e a Igreja da terra. Segundo o Apocalipse, o "Sanctus" é a aclamação da
liturgia celeste. Não deve ser substituído por “versões tão livres que não
correspondam à doxologia bíblica.”.
O Santo é, portanto, um canto ritual, e como já dissemos em outras formações, os cantos rituais são aqueles que "compõem o próprio rito" e não só o acompanham. Sendo parte do rito, a letra prevista no Missal Romano é a que deve ser cantada, com uma ou outra reorganização poética, mas nunca mudando o conteúdo, ou acrescentando coisas a ele. Nada de cantar "céus e terra passarão, mas sua Palavra não passará!": formas como essa podem até ser utilizadas em outros momentos de louvor e oração, fora da Missa, mas não cumprem a função ritual que o "Santo" da Missa deve exercer.
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